Esta
música não foi feita para este bairro,Lapinha.
Mas lembro de quando estava longe daqui por alguns anos,e ao
escutá-la,fortaleceu meu bairrismo( positivamente) sim,quero voltar para o
lugar de onde eu vim,Salvador meu amor.Cada canto tem sua história.
Nasci em Itapuã, fui criada entre a Liberdade e a praia.E nesse meio do
caminho,o Centro da cidade fez parte dos meus anos escolares,amo tudo.Cada
lugar tem uma forte história para mim.
Voltando para a música,ela se fortaleceu quando morei em São Paulo,e vi o
quanto sou da gema. E por adorar o samba e as lembranças e sensações que esta
música me trouxe,por citar o nome do Bairro onde hoje faz parte de uma
importante etapa de minha vida ( onde conheci meu esposo e trouxemos um fruto
lindo destes encontros festeiros na Lapinha ).Aqui divido com vocês a voz encantadora
de Elis .
" Então Elis,vou começar
me apresentando,eu me chamo Florisvaldo Barbosa Júnior,mas sou conhecido como
Júnior Liberdade.
A REGIÃO DA LIBERDADE
A Região da Liberdade
comporta 10 bairros e dentre eles a Lapinha,e é peculiar por ser um bairro
histórico da região,um bairro que tem uma relação mais antiga com os moradores
da cidade de Salvador. A Soledade é um apêndice do bairro da Lapinha.
A Lapinha tem lugares específicos: Soledade,Queimadinho e Sieiro que não são bairros,são localidades.
Sobre as figuras
emblemáticas que não constam documentos e que façam referência ao bairro,eu
destaco o Padre Pinto,uma figura de suma importância para o bairro,homem
culto,religioso,verdadeiramente interessado pelas causas da fé que ele
professa,os moradores tem uma admiração e respeito especial pelo pároco. As
obras do Padre Pinto como artista plástico e como religioso fazem,fizeram e vão
fazer por muito tempo diferença para os moradores da região.
Outra figura da
região é o barbeiro Vital,que atende na rua: Campus França,é uma pessoa que
reflete muito o que o bairro é,simpático alegre,contador de história e um
grande pescador.
E em se tratando
de educação a figura destacada é a professora Nilza,morando há mais de 40 anos
na região,a professora desenvolve um trabalho de fomento a leitura e auxílio as
famílias carentes que não possuem condições de adquirir livros,através do seu
projeto" Troca livros". Com esta iniciativa a professora Nilza
conseguiu auxiliar mais de 25 mil famílias nos últimos 20 anos,é um trabalho
reconhecido pela comunidade do bairro e da cidade de Salvador. A professora
mantém uma biblioteca comunitária onde livros podem ser adquiridos pela
comunidade.
Professora Nilza
Um respeitoso
destaque é o senhor Moisés,é um restaurador,artista plástico que não só produz
peças mas também restaura,morador do corredor da Lapinha e mantém na porta da sua residência um mostruário onde são exibidas suas obras de arte.
O Colégio Nossa Senhora da Soledade é uma instituição de educação e religiosa que merece destaque neste bairro,com quase 300 anos de existência.
Antiga praça da Liberdade - Hoje Soledade
O BAIRRO
A Lapinha se destaca não
só por ser um bairro histórico,mas por ainda ser nos dias de hoje um bairro
predominantemente residencial,diferente dos outros bairros da região da
Liberdade que são comerciais
A JUVENTUDE
Uma curiosidade sobre a
juventude da Lapinha. Aqui existe uma linguagem única,mais conhecida como a
"gualin",que é língua de trás para frente,na década de 80 e 90 a
juventude buscava uma forma de se comunicar,e até hoje é utilizado.
LOCAIS EMBLEMÁTICOS DO BAIRRO
O Bar Paisagem,o
mais antigo,reservado e discreto, com vista para a Baía de todos os
Santos.
O Bar do
Galego,mais atual e ponto de encontro daqueles que gostam de jogar dominó ,
baralho e assistir um futebol.
O Belvedere,que
fica atrás da Igreja da Lapinha,mais recente,tem aspecto de bar de orla da
cidade,som ao vivo,boa música.
E um interessante
restaurante chamado "Entre folhas e ervas",reservado onde você
só entra se for previamente aceito pelo proprietário.
Um grande detalhe
do bairro é que boa parte das suas residências ficam no platô superior da
cidade alta,essa localização propícia uma visão privilegiada da Baía de todos os
Santos ao visitar algumas residências a impressão que se tem é que estamos num
mirante."
Fotos : Livia Pinheiro e Ricardo Rodrigues
PASSADO X PRESENTE
Passa pela Lapinha a antiga Estrada das Boiadas,hoje chamada de Estrada da Liberdade ( Rua: Lima e Silva). Era a porta de entrada das boiadas que vinha do interior,tinha o inicio em Pirajá e terminava aqui na Lapinha.Essa estrada tinha importância econômica e valor simbólico,porque por ela passaram as tropas libertadoras que batalharam em prol da libertação,da Independência da Bahia.Em referência a esse momento histórico temos 2 monumentos aqui dedicados aos heróis,temos a estátua de Maria Quitéria no Largo da Soledade ( antiga praça da Liberdade) e no Largo da Lapinha temos o busto do General Labatut" .
"A antiga Estrada da Liberdade era estreita e possuía trilhos. Estes acolhiam a famosa "Linha 8". Nesta fotografia identificamos à esquerda a atual subestação da COELBA, em frente a atual TROCA LIVROS na Lapinha." Júnior Liberdade
Florisvaldo Barbosa Júnior,conhecido como Júnior Liberdade.
Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Salvador;Servidor público do Poder Judiciário;Editor,criador e fundador da Revista e site Cor da Liberdade e junto com sua mãe a professora Nilza fundaram e dirigem um centro sócio-cultural livro é vida,no bairro e possui muito interesse pelo seu local de nascimento.
Morador da Lapinha há mais de mais 20 anos,e vive na região da Liberdade há 40 anos desde que nasceu.
Os baianos levaram 18 meses para conquistar a Independência.
Desde os primeiros conflitos entre patriotas e tropas portuguesas em Salvador, em fevereiro de 1822, até a retirada destas em julho de 1823, a Bahia foi palco de muitas lutas. Houve poucos embates de peso, mas inúmeros pequenos combates. A batalha de Pirajá, travada no dia 8 de novembro de 1822, foi a maior da guerra e a primeira grande vitória brasileira.
O contexto político era bastante complicado. As tropas portuguesas, comandadas pelo tenente-coronel Luiz Inácio Madeira de Melo (1775-1833), controlavam a capital baiana desde fevereiro de 1822. Pouco tempo depois, em junho e julho, as vilas do Recôncavo aclamaram a regência de D. Pedro. Milicianos sob o comando de Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, o futuro visconde de Pirajá (1788-1848), obstruíram a Estrada das Boiadas, o acesso principal à cidade. O alto de Pirajá, pelo qual passava a via, dominava a região e foi escolhido para o acampamento brasileiro, a chave da linha, que aos poucos fechava o cerco de Salvador.
Logo que se tornou imperador, D. Pedro I ordenou em vão que Madeira de Melo se retirasse de Salvador. Para ajudar os patriotas baianos, o monarca mandou armas, munição e tropas, comandadas pelo general Pierre (Pedro) Labatut (1776-1849), um oficial francês com experiência nas guerras napoleônicas e nas de independência da Colômbia. Ele chegou ao Recôncavo no dia 28 de outubro, com tropas do Rio de Janeiro, de Pernambuco e de Alagoas, e logo intimou Madeira de Melo a cumprir a ordem imperial. Sentindo-se fortalecido pela chegada de uma frota portuguesa que lhe trouxe mais dois batalhões e um corpo de Artilharia no dia 31, Madeira anunciou sua intenção de sufocar o que considerava uma sedição.
Na madrugada do dia 8 de novembro, 1.900 soldados portugueses avançaram pela Estrada das Boiadas rumo a Pirajá, e 550 marinheiros e soldados desembarcaram nas praias de Icaranha e Plataforma para atacar as posições adversárias pelo flanco. O ataque foi logo percebido e precipitou o início da batalha, que durou quase seis horas. Estima-se que o número de defensores brasileiros tenha sido algo entre 1.700 e 2.000 homens. Era uma mistura de milicianos negros e pardos de Salvador, tropas regulares, milicianos do Recôncavo e auxiliares como índios flecheiros. Os postos avançados brasileiros recuaram diante do primeiro ataque, e os portugueses se lançaram sobre o acampamento brasileiro. Quando percebeu a iminência do perigo, o major pernambucano José de Barros Falcão de Lacerda (1775-1851), que comandava os brasileiros, mandou tocar a retirada – havia diferentes toques para ordenar a movimentação das tropas. Mas, segundo o alferes Ladislau dos Santos Titara (1801-1861), o corneteiro Luís Lopes, natural de Portugal, deu o sinal de “avançar Cavalaria à degola”. O toque errado amedrontou os portugueses, que fugiram em disparada e foram perseguidos até as portas da cidade. Foi nesse momento que chegou a pequena Cavalaria brasileira, comandada pelo major Pedro Ribeiro de Araújo. Para ele, “aquele som foi o sopro do furacão”, e acabou incitando seus homens: “Partimos como loucos furiosos; todo o Exército obedeceu ao mesmo impulso”.
Até hoje o número de baixas é questionado. Labatut, que estava em seu quartel-general, relatou que houve 200 mortos portugueses, mas, em outro ofício, mencionou “200 feridos e grande quantidade de mortos” entre os inimigos. Madeira admitiu apenas 64 baixas, e não há dados sobre o número de patriotas mortos. Pelos padrões das batalhas napoleônicas, nas quais morreram dezenas de milhares de homens, a de Pirajá mal passava de uma escaramuça.
O significado moral do embate foi enorme. O número de adesões à causa patriota, por ter o Exército brasileiro improvisado derrotado os soldados treinados da metrópole, aumentou consideravelmente. Ainda haveria muitos combates, mas o fato de Madeira não ter conseguido furar o cerco implicava sua derrota inevitável.
No dia 2 de julho de 1823, os patriotas ocuparam a cidade depois da evacuação portuguesa, e a importância da batalha de Pirajá foi logo reconhecida. Uma comissão de oficiais e o futuro visconde de Pirajá brigaram para ver quem comandaria os festejos do seu primeiro aniversário. O alferes Titara cantou as proezas das forças patriotas no seu poema épico “Paraguassú” (1835-37). Um jornal baiano, em 1835,conclamou os “Amigos da Pátria, reunidos no Campo de Pirajá”, para celebrar “o aniversário da glória deste dia ganhada pelas armas Brasileiras”. Dois anos depois, o cônsul britânico qualificou o dia 8 de novembro como “um grande feriado político” nos arredores da cidade.
O costume de celebrar o aniversário da vitória foi desaparecendo. Um periódico de 1850 lamentou que o dia passasse despercebido e que o corneteiro Lopes tivesse falecido na miséria. A comemoração da batalha foi aos poucos incorporada aos festejos do Dois de Julho. Em 1853, os restos mortais de Labatut foram depositados na capela de São Bartolomeu de Pirajá, e, a partir desse ano, realizava-se uma romaria anual ao lugar, tradição que perdurou até a década de 1890. D. Pedro II chegou a visitar a igreja e o campo da batalha em 1859, ciceroneado pelo barão de Cajaíba – Alexandre Gomes de Argolo Ferrão (1800-1870) –, que havia sido tenente durante o embate e, exagerando, contou-lhe que 300 brasileiros haviam derrotado 4.000 portugueses. Pedro julgou-o “vaidoso de seus serviços”.
A batalha de Pirajá continuou sendo lembrada no início do século XX. Por iniciativa da Liga Baiana de Educação Cívica, foi inaugurado, em 1914, o Panteão de Labatut em Pirajá, um pequeno templo que abriga seus restos mortais. Hoje em dia, quando atletas baianos saem anualmente de Cachoeira para levar o Fogo Simbólico do Dois de Julho para Pirajá e acender uma pira, eles rememoram “a união dos povos que lutaram pela independência da Bahia”.
Hendrik Kraayé professor da Universidade de Calgary, no Canadá, e autor de Race, State, and Armed Forces in Independence-Era Brazil: Bahia, 1790s-1840s (Stanford University Press, 2001).
Saiba Mais - Bibliografia
GRAHAM, Richard. “‘Ao mesmo tempo sitiantes e sitiados’: A luta pela subsistência em Salvador (1822-1823)”. In István Jancsó (org.), Independência: História e historiografia. São Paulo: Editora Hucitec e Fapesp, 2005.
TAVARES, Luís Henrique Dias. A Independência do Brasil na Bahia. Salvador: Edufba, 2005.
WISIAK, Thomas. “Itinerário da Bahia na Independência do Brasil (1821-1823)”. In István Jancsó (org.), Independência: História e historiografia. São Paulo: Editora Hucitec e FAPESP, 2005.
A última reurbanização realizada no bairro foi concluído em 1998. É lá que fica localizado o galpão que guarda os carros alegóricos do Caboclo e da Cabocla para a festa de Independência da Bahia, no dia 2 de Julho. A autoria das esculturas ainda é uma incógnita. Mil novecentos e vinte e três é o ano que representa a independência da Bahia, mas foi a partir do ano seguinte (1924) que o Dois de Julho passou a ser comemorado. A festa é aberta na frente do Pavilhão 2 de Julho, construído em 1860, pelas autoridades políticas e cívicas.
No Largo da Lapinha também fica o busto de bronze do General Pedro Labatut de 1923. Segundo dados históricos, Labatut chegou à Bahia no ano de 1922 para organizar exércitos de defesa e dar apoio às tropas.
As pesquisadoras Izenilda Freitas da Silva Rios e Suzane Pinho Pêpe realizaram, em 2007, um trabalho de pesquisa que resultou em um artigo chamado A História e o Patrimônio Cultural do Bairro da Lapinha (Salvador). Nele há informações completas sobre escritos históricos que explicam desde as primeiras manifestações religiosas até a influência histórico-cultural para a cidade de Salvador. FONTE: http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/lapinha-mantem-tradicao-religiosa-gracas-a-comunidade/
Tanto o descobrimento da
América, em 1492, quanto o do Brasil, em 1500, estão ligados à expansão comercial
europeia, no fim daIdade Média. Em 1453, os turcos tomaram Constantinopla e
bloquearam o comércio europeu com as Índias pelo mar Mediterrâneo. Isso
acelerou a procura de caminhos alternativos aos que vinham sendo trilhados
desde a Antiguidade. Tanto os espanhóis e portugueses, voltavam sua
atenção para a atividade mercantil e aumentavam seus conhecimentos de navegação.
Os portugueses estavam divididos no que se refere a procurar o caminho
das Índias. Explorar gradualmente a costa africana e dobrar o cabo das
Tormentas, depois chamado de Boa Esperança, ou tentar a rota ocidental? A ideia
de que a Terra é esférica já estava evidente para viajantes como o mestre João
Farras, que seria membro da tripulação de Cabral... De qualquer modo,
prevaleceu a tese de uma exploração paciente pela costa da África. A propósito,
era essa mesmo a opção correta para se chegar às Índias das especiarias, a
Índia atual, bem como à China e ao Japão, que então era conhecido como Cipango.
Foram entrando em circulação pelas cidades e feiras europeias as
mercadorias vindas de fora do continente: ouro, escravos, açúcar, vinho,
tinturas para tecido, cereais, várias especiarias. E de Portugal saíam
utensílios de latão, de cobre, panos, sal. A expansão europeia alimentava-se de
novas trocas. E, para ampliar seu alcance, precisava de homens: dentre muitos,
Cristóvão Colombo foi um deles.
O descobrimento das Américas. .
É um dos acontecimentos
mais importantes dentre os que definem o início da história moderna. As
navegações de Colombo provaram a esfericidade da Terra e permitiram que os
europeus entrassem em contato com civilizações que desconheciam. Isso abriu um
novo capítulo na história da expansão europeia, marcada pela guerra de
extermínio que sucedeu ao longo do período colonial, inclusive nas terras que
constituíram o Brasil atual. Houve, sim, genocídio. Os historiadores de hoje
até se perguntam se houve um descobrimento ou o "cobrimento" de
várias civilizações indígenas. De minha parte, fico com a ideia de
"cobrimento"!
22 de Abril. Descobrimento do Brasil.
Foi a maior e mais cara
expedição a cruzar o Atlântico até então. Em 8 de março de 1500, um domingo,
cerca de 1.500 tripulantes comandados por Pedro Álvares Cabral partiram de
Lisboa. Um mês e meio depois, descobriram o Brasil.
Referência : http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/descoberta-da-america-as-viagens-de-cristovao-colombo.htm
( Entrevista do Historidor : Carlos Guilherme Mota concedeu a entrevista que segue ao site Educação, do UOL )
Uma das importâncias da cidade de Salvador,é que as suas correntes marítimas facilitou sua descoberta,portanto a vinda das embarcações europeias e seu descobrimento.
O Bairro da Lapinha se caracteriza por seus casarões
antigos e sua ruas estreitas,localizando-se no alto da cidade.
A Lapinha tem uma característica
festiva representada na Festa de Reis e nas comemorações do Dois de Julho.
A Igreja da Lapinha,fundada em
1771,está localizada no largo com mesmo nome,ao lado do Pavilhão Dois de
Julho,onde estão guardados os carros do Caboclo e da Cabocla que simbolizam a
participação popular na luta pela Independência da Bahia. A participação
militar neste movimento está representada no busto que homenageia o General
Labatut,francês que lutou ao lado dos brasileiros.
Quando os
padres iniciaram a devoção ao Menino Deus, criou-se a capela da Lapinha e então
o nome permaneceu. Era o limite norte da cidade no século XIX, tanto que até
hoje, o exército libertador, o exército do Dois de Julho entra na cidade a
partir da Lapinha, da Lapinha para a Liberdade era o interior. Então, a
homenagem ficou, ingressa-se na cidade a partir da Lapinha, a partir dali é que
as forças de 1823 ingressaram na cidade.” (Cid Teixeira)
www.cidteixeira.com.br
A igreja e o largo da Lapinha no inicio do século 20.
Lapinha significa uma lapa pequena, uma gruta, especialmente quando abriga um santuário,um pequeno presépio.
Foto retirada do site : http://www.salvador-antiga.com/lapinha/antigas.htm
Fundada em 1771, no Largo da
Lapinha, pela Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, com a ajuda do Padre José
Barbosa da França Corte Real, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, é uma
valiosa e tradicional igreja, de inestimável importância histórica, social e
cultural, de Salvador.
A igreja da Lapinha
está inclusa no Ministério das Relações Exteriores, nos registros dos
monumentos em estilo moçárabe da América Latina, como sendo a única igreja no
estilo mourisco do Brasil, por conter inscrições árabes na parte superior de
suas paredes centrais, que dizem: “Esta, a casa de Deus, este, portão
do céu”.
Em 1913, o
Arcebispo da Bahia, entregou sua administração aos padres agostinianos
recoletos, que também inseriram na igreja, o culto e devoção a Nossa Senhora da
Consolação, sendo a única no estado da Bahia, e em 1915 ela foi erigida
canonicamente como uma comunidade religiosa. Em 1925 os padres agostinianos
realizaram uma grande reforma no templo, onde foram introduzidos mosaicos
vindos da Espanha, e diversos outros elementos e materiais, e seu interior foi
ricamente decorado no estilo mourisco, tornando-a muito parecida com uma
mesquita. A decoração mourisca foi uma opção do responsável pela obra, Frei
Leão Uchoa, que também era Arquiteto; que ainda ampliou as dimensões de
comprimento e largura da igreja, reinaugurando-a, em 1930.
Em 1950, os padres
vocacionistas, liderados por Dom Franco, Dom Ugo e Irmão Prisco, assumiram sua
administração e também realizaram outra grande reforma, concluída em 1970. A
partir de 1972, o Arcebispo Primaz do Brasil, assinou o decreto de formação da
paróquia da Lapinha, que tendo como padroeira, a virgem Maria, sob o titulo de
Nossa Senhora da Conceição, passou a se chamar, Igreja de Nossa Senhora da
Conceição da Lapinha. A igreja possui 6 altares laterais, além do altar
principal, e antigamente, havia missas simultaneamente em todos os altares
laterais.
Acredita-se que a
mudança da entrada oficial da igreja, tenha sido feita durante sua primeira
reforma, quando então construíram a fachada no estilo neogótico. A colocação
dos azulejos espanhóis nas paredes, e as pedras de mármore nos altares
laterais, devem ter feito parte da segunda reforma. Em vários lugares da
igreja, o piso original foi mantido, porém, coberto por um tapete vermelho.
Atualmente, a sua
entrada principal, se dá pela praça no Largo da Lapinha, entretanto, no início
de sua construção original, sua entrada principal se dava pela parte dos
fundos, voltada para o mar.
Alguns supuseram
que a igreja pudesse um dia ter sido uma mesquita, e que sua entrada principal
nos fundos, está exatamente direcionada para Meca. Entretanto, não há nenhum
registro ou evidência, de que esta suposição um dia possa ter sido verdadeira;
até porque nos registros da igreja, constam documentos que comprovam que a decoração
mourisca introduzida foi uma opção decorativa escolhida pelo frei agostiniano,
que era responsável pela reforma da igreja.
Mas se a igreja da
Lapinha não foi uma mesquita no passado, por que então, um padre agostiniano
recoleto optou pela decoração mourisca (ou moçárabe)? A Ordem dos Agostinianos
Recoletos nasceu em Castela, na Espanha, em 1588, durante a reforma da Igreja
Católica. Para entender um pouco sobre os costumes e tradições dos religiosos
espanhóis nessa época, e tentar entender os motivos que podem ter influenciado
o frei agostiniano, é preciso voltar no tempo e rever a História da Espanha...
No século XIII, os
Reis Católicos (constituídos pela Rainha de Castela, na Hispânia, e o Rei de
Aragão, na Península Ibérica) expulsaram os mouros da Península Ibérica, e
fundaram a atual Espanha; com isso, restou aos mouros, se refugiar no norte da
África.
Matéria no site : http://www.gazetadebeirute.com
Como alguns locais de
Salvador, não há muita clareza nos limites que separam a Lapinha dos bairros
que fazem fronteira como Liberdade, Caixa d'Água e Soledade. Intitulada de
Lapinha das Tradições e Ternos de Reis. Frades teriam criado uma comunidade nas
proximidades do templo.
Depois de passar por restaurações em 1958 e em
1970, a Igreja da Lapinha passou a ser paróquia tendo como padroeira Nossa
Senhora da Conceição da Lapa. Antes, a igreja era ligada à Paróquia de São
Cosme e São Damião na Liberdade.
É a Igreja Católica que exerce fortes
influências sociais no bairro. A ela estão ligados um centro comunitário, uma
creche, organizações de cursos profissionalizantes e as pastorais, que agregam
serviços para a comunidade.
De acordo com um artigo feito pela mestre em
História da Arte, Suzane Pinho, apesar de não ter histórico de um “bairro
rico”, a Lapinha foi habitada por famílias espanholas, ocupando residências e
pontos comerciais onde hoje estão o centro comunitário e um edifício na esquina
do Largo com o Corredor da Lapinha.
A antiga Estrada das Boiadas, a Liberdade era passagem dos
bois que vinham do sertão e eram comercializados na Feira do Capuame. Em 1823, por
ali entrou o exército libertador e então, a Estrada das Boiadas passou a ser
chamada Estrada da Liberdade. Considerado como o bairro mais populoso da cidade
de Salvador, e representativo da cultura negra, o fez ser considerado pelo
Ministério da Cultura como o território nacional da cultura afro-brasileira. O
povoamento da Liberdade se deu logo depois da abolição da escravatura, com a
ida de negros libertos e ex-escravos para o local.
”Liberdade. Aí era a estrada das boiadas. O boi que descia
do sertão era comercializado na feira do Capuame, feira de gado, Capuame, que
depois mudou o nome para Dias D’Ávila, hoje é a cidade de Dias D’Ávila, ali
estava a feira do gado. Esse gado era trazido para o abate. O abate da cidade
estava onde hoje é o terminal da Barroquinha, ali é que era o matadouro da
cidade. Por isso que o rio se chama de rio das Tripas, porque os dejetos, as
sobras do sacrifício dos animais eram jogadas no rio das Tripas. O rio das
Tripas está lá, a Baixa dos Sapateiros não existe, ela é um rio canalizado,
você anda por cima do extradorso da abóbada que cria a Baixa dos Sapateiros,
o rio das Tripas está lá. Então, este gado vinha pela estrada que você chama
da Liberdade, que era a estrada das boiadas. Em 1823, por ali entrou o
exército libertador e então, a estrada das boiadas passou a ser chamada
estrada da Liberdade.” (Cid Teixeira)
www.cidteixeira.com.br
Depoimento extraído do site http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/,em 10/2016